Literatura

A modernidade
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A modernidade

Gracynha Rodrigues A sociedade pede humores, e não rumores. Chega de querer essa tal fama fácil, esse status aparentemente alcançável, a busca incessante, e por vezes, alienante levará ao fim a espécie humana? O status quo desafia o próprio indivíduo a passos lentos e temerosos, o existir, a acessibilidade aos poucos usurpa o tempo este companheiro diário, e quando se vê já foram 12h do seu precioso “time”. A correria frenética, a busca pelo apogeu, os likes esperados, o ver não vendo, o ouvir e não escutar, o buscar desenfreado por mais, e o frenesi te devoram. Querer provar o improvável, ter ou ser, eis a questão? Não paramos, sucumbimos e assim nos curvamos, adoramos e louvamos aos seres mortais e digitais existentes. Beiramos a ignorância e, pasmem, nem percebemos, somos robotiza...
No Escuro, SOU TÃO INSEGURA
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No Escuro, SOU TÃO INSEGURA

Shirley Pinheiro Eu amo quando me encontro nos versos de uma música. É quinta-feira de novo, parece até que as minhas palavras só encontram seus caminhos depois desse pôr-do-sol. Mas, com a devida apropriação da liberdade poética, consideremos que o universo conspira a favor do meu encontro com a poesia, no dia mais cansativo da minha rotina, pra me lembrar que algo ainda vale a pena. Nesta quinta, especificamente, No Escuro, Quem É Você? Faz exatamente 38 minutos que terminei de escutar o álbum recém-lançado de Carol Biazin e encontro-me estatelada no chão do meu quarto, rodeada de gatos, a dois minutos da meia noite, sentindo o que não deveria: uma vontade danada de dançar desgovernadamente no escuro, mesmo tendo que acordar nas próximas cinco horas para ir trabalhar e mesmo ...
As mulheres de O Quinze, de Rachel de Queiroz
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As mulheres de O Quinze, de Rachel de Queiroz

Luciana Bessa A escritora francesa Simone Beauvoir (1908-1986) em sua obra O Segundo Sexo (1949) propunha que a mulher construísse o seu próprio destino. Para isso, seria necessário romper com os padrões criados pela sociedade patriarcal de que o gênero feminino deveria ser alicerçado na anatomia da “boa esposa”, “boa mãe”, responsável pelo sucesso do “núcleo familiar”. Simone de Beauvoir, que visitou o Brasil na década de 1960 em companhia de Jean Paul-Sartre (1905-1980), inspirou (e continua inspirando) mulheres no mundo todo a partir de suas reflexões sobre a construção social do gênero feminino. Não sei se a escritora brasileira Rachel de Queiroz (1910-2003) leu Beauvoir, porque em várias entrevistas, ela afirmava não ser feminista: “Não sou feminista: acredito no homem e na mulh...
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Hillary Siqueira Era por volta das 5h da manhã; o sol ainda estava escondido. Dava para ver da janela do quarto, os galhos das árvores balançando lentamente. Levantei da minha cama e fui preparar meu café da manhã. O cheiro do café passando pelo coador era tão forte e presente que toda a sala foi tomada pelo delicioso aroma quente. Com a frieza que fazia naquele momento, o cheiro era acolhedor. Após o café estar pronto, enchi uma xícara generosa e fui até a porta para assistir ao nascer do sol. O clima estava ainda mais frio do que parecia. Sentei no  pé da porta e fiquei aguardando. O tempo parecia parado. Levantei e dei cinco passos; senti a grama gelada em meus pés descalços, mas era tão macia que parecia que eu estava caminhando sobre algodões gelados. Essa sensação era únic...
Amor na adolescência
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Amor na adolescência

Geysi dos Santos Amor na adolescência, um jogo a se jogar,   Talvez seja besteira, mas quem pode afirmar?   Às vezes, uma sorte de encontrar alguém,   Que viva ao meu lado, até o fim também. Mas a ilusão persegue como sombra a dançar,   Adolescentes pensam que sabem amar.   Acham que entendem o que é o coração,   Mas mal viveram a metade da própria emoção. Sobre a autora: Geysi dos Santos - Estudante e integrante do Clube da Palavra do Colégio Municipal (Crato)
Quebra-cabeça
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Quebra-cabeça

Bianca Morais Moreira Para este poema tive Que pensar Primeiro a vida tava A me alegrar Tendo sempre amizades E felicidades Essa foi a primeira Peça A segunda começou A desandar as meninas Estranhas a ficar Cada vez mais distante Meu amor e meu coração ficavam... Peça três são as brigas Sem fim na escola e em mim A quarta e agora Está cada vez pior a minha história .... Sobre a autora: Estudante do Colégio Pedro Felício Cavalcanti (Crato)
Entre verdades e mentiras
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Entre verdades e mentiras

Geysi dos Santos Eu boto fé na minha própria ilusão Difícil é saber, o que é verdade ou não. Insanidade sussurra em meu coração Enquanto a sanidade busca a razão Um complô se forma me querendo calar Mas sigo lutando para me encontrar. Sobre a autora: Geysi dos Santos - Estudante e integrante do Clube da Palavra do Colégio Municipal (Crato)
Entre ninjas e bruxos sonhou
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Entre ninjas e bruxos sonhou

Alexandre Lucas Quando criança se encontrava enrolado nas histórias de ninja. Fazia suas armas de lata e cabos de vassoura. Imaginava escalando paredes e desaparecendo com bombas de fumaça. Se via derrotando com chutes e socos aqueles que atacavam a sua felicidade. Ser ninja nutria a dimensão do poder e da autodefesa. Mas também queria ser bruxo, místico - ou qualquer outra palavra equivalente para as pessoas que lidam com coisas que não se explicam a partir da ciência. Buscava conhecer o poder das pirâmides, das rochas, dos chás, das orações e das simpatias. Na verdade, buscava fórmulas mágicas para transformar a vida, já que ela não é algo fácil de lidar. A gente é sempre multiplicidade de desejos. Nunca conseguimos ser apenas um anseio. Vamos sendo muitos em um só corpo. Ser ni...
Quinta-feira
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Quinta-feira

Shirley Pinheiro Hoje tive um dia péssimo! Daqueles que já começam ruins antes mesmo de acordar. Ainda era madrugada, quando fui abandonada em um sonho, por duas pessoas um pouco próximas. Não tanto. Não mais. E, sinceramente, não consigo imaginar um inferno pior do que o de ser deixada para trás, um sentimento tão projetado nas minhas angústias e poesias, que tem se introjetado nos meus espaços não tão seguros, mas ainda assim lúdicos, dessa vez, no meu sono. E se uma noite é ruim, o dia depois dela certamente será também. E assim coleciono dias de agonia e noites mal dormidas. Nas primeiras horas da manhã, meu corpo, atingido pelo cansaço antes mesmo de levantar-se, luta contra o desejo de aproveitar “só mais cinco minutinhos”. Tempo pro café da manhã já não tem mais. De cinc...
Amélia Beviláqua: mais orgulhosa do que humilhada
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Amélia Beviláqua: mais orgulhosa do que humilhada

Luciana Bessa Falar de Amélia de Freitas Beviláqua é falar de uma mulher pioneira na luta pelos direitos das mulheres em uma sociedade patriarcalista e misógina como é o caso do Brasil. É lamentável e ultrajante, que em pleno século XXI, muitas percam suas vidas pelas mãos de seus maridos e/ou companheiros. Vanguardista, Amélia Beviláqua, já na escola (São Luís) publicou seus primeiros poemas e contos. No ano de 1889, Proclamação da República, era possível ler seus textos nos periódicos pernambucanos e paulistas – Revista do Brasil. Foi, ainda, redatora do periódico O Lyrio, em Recife, ao lado da amiga Maria Augusta Meire de Vasconcelos, pioneira na luta pelo voto feminino no Brasil, no ano de 1902, o que influenciou na criação do Jornal Borboleta, em Teresina, Piauí. Na década...