Literatura

O poder da palavra
Literatura

O poder da palavra

Ludimilla Barreira* Maria Valéria Rezende conhece o poder da palavra e sabe como usá-la. Tive o prazer de conhecer sua narrativa através dos livros Cartas a Rainha Louca e O voo da Guará Vermelha. Em ambos, ela deixa claro que a escrita pode nos proporcionar a oportunidade de ser um e, ao mesmo tempo, vários, pois deixa ao leitor a difícil ou até prazerosa tarefa de extrair todas as camadas colocadas no texto. Como disse o poeta Fernando Pessoa: "Desejo ser criador de mitos, que é o mistério mais alto que pode obrar alguém da humanidade." Pois bem, Maria Valéria nos presenteia com três grandes mitos nessas duas narrativas. Com Maria Isabel, narradora-personagem de Cartas a Rainha Louca, a autora nos proporciona uma viagem ao Brasil colonial do século XVIII sob uma perspectiva diferen...
Novamente
Literatura

Novamente

Francisco Joherbete* Já soltei lágrimasde alegria e dormas nunca soltei de amorpois muitas pessoas falamque amor é quando vocêquer o bem de uma pessoa:eu não concordo. Meus textos rasgadospapéis rasuradosLençóis manchadospessoas feridaslágrimas escorridassão meu amorminha felicidade é tê-las com dor. Nunca soltei lágrimas de amoré mentirajá gastei de tantas formasque parece burriceo que eu disse delaeu choreimas nunca vou esquecero bem que me fez. Lágrimas de amorsão ridículasgosto de derramá-lase me alegro em minha vidaem tê-las com amore ser uma pessoa ridículachorando de amorme encantando em outras vidas. Sobre o autor: Francisco Joherbete *Aluno do 8° ano do Colégio Municipal Pedro Felício Cavalcanti. Gosta de ler poesias e de fazer também. "Abrace sua tri...
Voz erótica do resfriado
Literatura

Voz erótica do resfriado

Alexandre Lucas* Uma mineira, voz erótica de resfriado. Não sei em quais ruas o trem da sua vida passa. Não sei se o trem passa em alguma rua, muito menos conheço o tamanho dos seus desejos. Os desejos são sempre desmedidos, hora eles esticam, em outras murcham. No mapa dos afetos, uma cartografia de pontos indefinidos desmapeia horizontes. Mas a mineira apareceu de intrusa na conversa, precisava iniciar a história sem acordar os monstros primeiro. Ainda não li uma página do seu romance, desconheço de onde surgiu a maldição, mas acredito que seja da vida. Além das palavras, possivelmente não sentaremos para comer queijo. A mineira, em dias de chuva ou de sol, esquecerá as linhas, o trem passará. Mas hoje quero lembrar da mineira. Talvez a sua distância seja fascinante para conv...
Uma carta para minha frustração
Literatura

Uma carta para minha frustração

Ludimilla Barreira* Querida Frustração, Escrevo para saber por onde você anda. Nunca mais te encontrei. Nosso último momento juntas passou rápido, nem atravessamos uma noite em claro. Achei que você me visitaria esses dias, mas creio que esteja deveras ocupada sendo inquilina de outra pessoa. Você não vai acreditar! Percebi-me sonhando com o que um dia me disseram ser impraticável. Fui muito feliz por alguns dias; ao fechar os olhos, imaginava que tudo havia se concretizado. Vi meu reflexo naquele rascunho de futuro. Lembra que nunca fui encorajada a sonhar alto? Sempre ouvi que é melhor querer pouco e ficar satisfeito do que querer muito e ser infeliz. Mas senti uma felicidade genuína em sonhar. Preciso estar atenta e gravar essa sensação. Você sabe como é? É ótima! Foi o Medo...
Animal
Literatura

Animal

Francisco Joherbete* Bicho chatorepugnanteanimal brutosujo desde o principiante. Feroz, maldosorato do mundoaté me dá desgostode sermos irmãosdo dorso. Nós somos sujos:isso mesmo, os humanosanimais recíprocosamigos da imundicesujos como ratazanasnão!! elas são mais limpaselas são mais nítidasganham de nós e nos humilham. Sobre o autor: Francisco Joherbete *Aluno do 8° ano do Colégio Municipal Pedro Felício Cavalcanti. Gosta de ler poesias e de fazer também. "Abrace sua tristeza".
Eu Dolorido
Literatura

Eu Dolorido

Maykon Ferreira* Hoje sou um menino,Livre e consciente.Para hoje estar vivo,Tive que brigar com muita gente. Sofri preconceito e discriminação,Senti a raiva e ira de uma multidão.Senti na pele a angústia do desprezo,Com tudo isso paga, um alto preço. Oh! Meu Deus quanta tristeza,Ver no mundo tanta pobreza.De amor, compaixão e respeito,Sempre diz que ama, mas nem fala direito. Uma coisa eu tenho certeza,Tudo isso vai acabar: preconceito, discriminação…Quando um dia, Jesus filho de Deus e a Virgem Maria,Voltar para dar a cada um a condenação e salvação. Sobre o autor: *Um jovem de apenas 18 anos,  apaixonado pela literatura, ama o jornalismo e luta pelas barreiras diárias. Um verdadeiro exemplo de Superação!
Semanas pesadas
Literatura

Semanas pesadas

Luciana Bessa* Semana passada, precisei me submeter a uma cirurgia no olho direito para a retirada de um pterígio. O procedimento é simples, a recuperação nem tanto. É preciso passar pelo menos quinze dias sem praticar uma das atividades que mais gosto: a leitura. Recentemente, inclusive, fiz uma live(@metanoiaeduca) para discutir a importância da leitura acadêmica e não acadêmica. Falar de leitura em pleno século XXI, período do domínio das novas tecnologias/mídias sociais, é para mim, curioso e assustador. Quem decide adentrar na jornada de um curso superior, já deveria estar ciente das inúmeras leituras que fará nos próximos quatro ou cinco anos. Isso sem levar em consideração que nem só de leituras se faz um bom profissional. Não é possível optar por pelo Curso de Letras e ...
Sociedade
Literatura

Sociedade

Francisco Joherbete* Veneno mataconsomee maltratatraz desespero para a sociedade nata. Uma sociedade ditadoramaldosa, cruel e orgulhosaoprimindo os fracoscom suas tramas ardilosasmatando os inocentescom as suas práticas desconsideradas,para aqueles que a ela não se aliamatando e roubandoaqueles que lhe atrapalhameliminando a todosque se a ela se opõem. Idiotice o que essa sociedade falaCritica, humilha, idolatraas suas palavras são ingratasescondendo os inocentes. Eles apenas queremuma sociedade menos palhaçaque não esconda a voz da desgraçaquerendo o mundo que tenha graçaquerendo o mundo verdadeiroque não apoia o preconceitoque viva na verdadeque não se envenene com facilidadeque ganha o mundo de todas as parteseliminando a desigualdadee que vença essa tremenda guerrausando da...
Contrato
Literatura

Contrato

Ludimilla Barreira* Escrevo enquanto aguardo para fazer a minha primeira densitometria óssea. Reflito sobre o meu “prazo de validade” como mulher, pois há algum tempo percebo que não sou mais a mesma. Não falo apenas dos fios brancos que aparecem desavergonhadamente nos meus cabelos ou até nas sobrancelhas, mas da minha ausência em circunstâncias que antes eram urgentes. Envelhecer não tem sido difícil. Sim! Envelhecer. Tenho 39 anos, para alguns muito jovem, para outros “passando do prazo”. Para mim, o que realmente importa é que percebo que o tempo passou enquanto eu estava vivendo, não apenas existindo. Sempre aceitei que começamos a envelhecer no minuto seguinte ao nascer, e não tem problema. Encaro o passar do tempo como um privilégio para poucos. Sou consciente de que não te...
Ler/Escrever: o passaporte da mulher
Literatura

Ler/Escrever: o passaporte da mulher

Luciana Bessa* Até meados do século XX, as mulheres não frequentaram a escola sob pena de “alguém” fazer-lhe algum mal. Por volta dos dezesseis anos, fase em que pais e filhos parecem não se entenderem, me questionava: que mal pode fazer uma mulher frequentar o ambiente o ambiente escolar? Que mal pode haver em aprender a ler e a escrever Quase uma década depois, descobri a resposta: um mal irreversível. Quando se lê, por exemplo, fica-se sabendo de fatos que, se não soubesse, permaneceria no “mundo das cavernas”, sem contestar nada nem ninguém. Fiquei imaginando se é por isso que, ao idealizar uma cidade ideal, a “República”, Platão expulsou os artistas. Para o filósofo, a Arte era uma ferramenta poderosa de criar efeitos no espírito humano. Em contato com as artes, criamos se...