Literatura

O TRÁGICO EM HELENA, DE MACHADO DE ASSIS
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O TRÁGICO EM HELENA, DE MACHADO DE ASSIS

Luciana Bessa* Na obra Dores do Mundo (1958), o filosofo alemão Arthur Schopenhauer afirma que “Todo o desejo nasce duma necessidade, duma privação, duma dor”. Amar e ser amado é uma das premissas essenciais da existência humana. Tal premissa pode levar à tragicidade, já que nem todos sabem amar.  Sendo um sentimento sempre insatisfeito e exigente, o amor pede dentre tantas coisas, o sentimento da verdade, nada mais que a verdade. Quando isso não acontece, instaura-se o trágico, como na obra Helena (1876), de Machado de Assis. A obra Helena (1876), dividida em 28 capítulos, faz duras críticas à sociedade de seu tempo, século XIX. Ela tem sido lida e relida como uma história romântica entre dois jovens, cujo final é a morte da heroína.  Foi dito que seu autor não passava ...
Urbanização contra o povo
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Urbanização contra o povo

Alexandre Lucas * O processo de urbanização das cidades tem gerado uma série de preocupações para o meio ambiente. As mudanças climáticas, os desastres ambientais e o crescimento de uma urbanização desconectada do planejamento urbano, vinculado a redução dos impactos ambientais, e a promoção de áreas verdes tem sido pauta do modo predatório do capitalismo. A asfalticação das cidades e o desmatamento são questões geradoras de novas problemáticas urbanas. Se faz necessário repensar em larga escala, formas de pavimentação que não contribua para o aquecimento e a impermeabilização do solo. A pavimentação asfáltica vendida como desenvolvimento altera a dinâmica das cidades e tem consequências danosas para vida da população, agregada a extinção de áreas urbanas verdes e a arborização urban...
A minha e a dela
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A minha e a dela

Francisco Joherbete* Uma amizade destruídaA minha e a delaEu a amavaE, infelizmente aconteceu como eraComo era de se esperarNuma amizade como aquela. Uma amizade forteAo mesmo tempo fracaSó que de repenteEla me deu um tapaNão um tapa literalMais uma "grande" ignorada. Naquela semanaFiquei com raivaNem sequer queria olhar para elaE conseguiu o que esperavaSó que nos meses seguintesMe deu vontade de falarCom aquela ingrata. Ainda não faleiO que tenho em menteEspero de coraçãoQue eu fale o que tenho profundamenteE não sei dizerSe quero voltar e falar com ela novamente. Sobre o autor: Francisco Joherbete *Aluno do 8° ano do Colégio Municipal Pedro Felício Cavalcanti. Gosta de ler poesias e de fazer também. "Abrace sua tristeza".
A mulher com olhos de fogo – o despertar feminista
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A mulher com olhos de fogo – o despertar feminista

Ludimilla Barreira* Paralisada. Esse é o meu estado sempre que penso em Firdaus, a protagonista do romance A mulher com olhos de fogo – o despertar feminista, escrito por Nawal El Saadawi. Tento escrever sobre essa mulher há algum tempo; nem sei precisar quanto, pois, se contar as vezes em que já olhei para o livro e pensei sobre o que eu poderia escrever, as outras em que estive com a folha em branco na minha frente e o tempo em que escrevo e apago, pois nada faz jus à realidade que ela descreve, são muitas horas, muito mais do que o tempo em que me detive ao ato de ler. A biografia da autora, Nawal El Saadawi, já seria o suficiente para dedicar uma infinidade de caracteres. Ela nos mostra a necessidade da sua atuação e resistência em um país que ainda hoje é um dos piores do mundo ...
Paixão Simples – julgamentos complexos
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Paixão Simples – julgamentos complexos

Luciana Bessa* Descobri que não conhecia a escritora Annie Ernaux no ano de 2022, quando ela foi agraciada com o prêmio Nobel de Literatura. Estarrecida com o meu desconhecimento, fiz uma rápida pesquisa a seu respeito e, logo a coloquei na minha interminável lista de autoras que preciso ler antes de morrer. Fico pensamento se no post mortem há momentos para a leitura, já que uma vida é insuficiente para ler tudo o que gostaria.  Engolida pelo cotidiano, esqueci-me de Ernaux. Esse ano, a indicação do grupo de leitura @entrelivroseafetos foi a obra Paixão Simples (1991) da autora. Enfim, havia chegado a oportunidade de me encontrar com a primeira mulher francesa a ser premiada pela Academia Sueca. Comecei a ler Paixão Simples (1991) e dei-me conta de que já conhecia o enred...
Tardes tremidas
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Tardes tremidas

Alexandre Lucas* Cabia na boca os versos tremidos da tarde.  Após alguns goles de água, quando a lua dava sinais, era hora da partida. A noite ficava para as lembranças,  só a poesia do sol era nossa.  Tapeava teus lábios como quem escreve nas nuvens. O sol germinava de dentro de nós e a tarde seguia em incêndio. Os incêndios são efêmeros como as estações, o inverno não é perene.  Na ponta da língua escrevia bilhetes de fogo, até que um dia fiquei a tarde  inteira despido,  olhando para o relógio e o sol não apareceu. Guardei dentro do baú uma carta de intensões: lá estava escrito sobre o desejo da suspensão de todas despedidas.  As despedidas são inevitáveis, assim como água molha e o tesão. São três horas e tudo pode acontecer, inclusive faz...
O mundo se acabando e as bolas correndo
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O mundo se acabando e as bolas correndo

Alexandre Lucas* No pátio, as bolas circulam entre as pernas e os xingamentos. Meninas e meninos correm juntos. Nem parece que os incêndios tomam conta do país. Está tudo quente, cortaram às árvores, asfaltaram a cidade e abriram uma agência de notícias mentirosas, que anuncia todos os dias, que estamos progredindo. Desconheço esse progresso. As bolas continuam. A cidade está mais barulhenta e veloz. Já não escuto as palavras das crianças alegrando as ruas, os motores dos carros abafaram suas vozes. A cidade está distante da natureza. A natureza parece uma coisa estranha. O ar tem cor, não podemos respirar livremente. A mineração já minera as vidas, enriquecem alguns. Tudo é minério. Celular, carro, parede, saco, asfalto, água, é tudo minério. Meninas e meninos correm atrás da ...
É preciso consumir e ser consumido pela poesia
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É preciso consumir e ser consumido pela poesia

Luciana Bessa* Minha leitura do mês de agosto foi Chuva Secreta (2013), da escritora e professora baiana, Állex Leilla. O maior mérito dessa obra são os não ditos, ou seja, são as lacunas deixadas pela autora para que o leitor possa completá-las, afinal, para Leilla um bom leitor é “Aquele que tem consciência de que é um coautor”. Partindo dessa premissa de que um texto é um tecido incompleto, destaco o último conto dessa obra, “Epiceno”, que traz um protagonista (sem nome), que não se sente homem nem mulher, mas um ser humano epiceno, que tem um relacionamento amoroso com um poeta profissional. Mas o que é, o que faz um “poeta profissional”? O que o difere de mim, por exemplo, que escrevo poesia? O poeta profissional é aquele que, para além de escrever poesia, vende-a para revist...
Uma criança na janela
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Uma criança na janela

Dina Melo* Eu adoro janelas, parece que foram feitas pra gente espiar o céu, as nuvens do dia, o escuro da noite, às vezes, as estrelas, às vezes, a lua… Janelas existem pra gente sentar e pensar. Deixar o pensamento correr manso, lembrar da escola, daquele menino com o sorriso bonito, das brincadeiras com as amigas no recreio, quem jogou a bola em quem, pensar nas possibilidades que não aconteceram, no se, nos nossos planos pro futuro do dia seguinte. Sentada na janela o tempo para e tudo é só o instante. Da janela eu vejo a estrada de terra onde o sol brilha e do outro lado papoulas e urucum. Eu gosto de me demorar contemplando as papoulas tão rosas e vermelhas, os filetes com o pólen nas pontas, as folhas verdes e pontudas. Os galhos retorcidos do urucum, onde brincamos de casi...
La vida
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La vida

Francisco Joherbete* A claridão de um lugarCom a escuridão da vidaSe compararmosVivemos em uma vida meio sombriaOnde a um poçoCom a luz escondida. Mas a vida que vivemosÉ uma vida vaziaVazia de pazVazia de nostalgiaOnde o amor deveria reinarE só reina das águas sombriasOnde um ser mal domina o mundoE o deixa sem alegria. Mas se observarmosHá uma luz no fim do túnelUma luz complexaUma luz com rumoQue nos leva a pazE a um ser como futuroQue trará bençãosAos que o tratamCom amor e virtude. Sobre o autor: Francisco Joherbete *Aluno do 8° ano do Colégio Municipal Pedro Felício Cavalcanti. Gosta de ler poesias e de fazer também. “Abrace sua tristeza”.