Vamos à festa?
Luciana Bessa
De natureza solitária e melancólica, frequentar festas nunca foi uma opção. O barulho ensurdecedor, o cheiro de bebidas, o jogo de luzes em um ambiente abafado, sempre foram um convite para estar comigo mesma.
Em uma sociedade marcada pela violência, a inversão de valores, racismo e a corrida desenfreada para comandar as instâncias de poder, festa, para mim, significava estar ao lado de pessoas que pudessem me desafiar com suas indagações, como é o caso de Clarice Lispector, que me apresentassem a luta de mulheres que eu pouco ou nada sabia, como Conceição Evaristo, ou mesmo, conhecer o amor através de um poeta gauche, Carlos Drummond de Andrade, que na curva dos cinquenta derrapou nesse sentimento.
Mudam-se os tempos, mudam-se as pessoas (aprendi com Camões), ...